segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Fantasmas existem. Sinto informá-la"


É. Fantasmas assustam. Principalmente quando se dá conta de que eles existem. Fantasmas do passado que simplesmente param de assombrar. Talvez assuste mais. Ter a consciência de uma realidade que se pensava ainda tão distante. Ter a certeza de que até mesmo fantasmas desistiram de ti.
Bateu na minha porta bem no começo da semana. Quando abri, tomei aquele susto. Chorei, ri, vibrei, vomitei a sôfrega angustia há muito presente. Foi um misto de podridão que saía de uma pele cansada e marcada pelo sol. Além do alívio causado pela ausência da dor que outrora era marcada sob as estrelas.
Alívio, dor e sujeira humana.
Veio se despedir pra sempre. Doeu, mas também já não aguentava mais sua assombração misturada à minha dor física provocada pelo cansaço da espera e ao nó cada vez mais apertado aqui. Acho que nem ele aturava mais a minha presença. Não aturava o meu reflexo em um espelho no qual ele se olhava.
Mas quer saber? Começo a pensar que o maior problema não foi a despedida ríspida, ao mesmo tempo silenciosa. Porém a presença de um próximo fantasma que se encontrava bem atrás do que já ia tarde.
O do passado se despediu silenciosamente. O outro se apresentou, apertou a minha mão, me sorriu, disse seu nome:
- Prazer, eu sou o seu fantasma do futuro.